Durante toda minha formação acadêmica ouvi falar a respeito da Lei de Periodização de Treinamento (LPT) e Picos de Performance, propostos pelo prof. Matveev.
Porém isso me gerava dúvidas, por exemplo; como planejar um pico de rendimento para uma competição de pontos corridos, onde deve-se conquistar o maior numero de pontos durante toda a competição, que pode levar 3, 4, 5 meses ou mais? Ou de uma competição como a Liga Nacional de Futsal onde as equipes precisam passar por várias fases para atingir a fase final, onde teoricamente deveria-se atingir o pico de rendimento?
As Leis de Planificação de Treinamento (LPT) foram criadas pelo prof. ruso L. P. Matveev na década de 60 tendo como base 3 modalidades desportivas, a natação, o levantamento de pesos e o atletismo; modalidades que se assemelham muito no que tange ao método de competição, com eventos curtos divididos espaçadamente durante o ano, onde os atletas optam em qual evento irão participar para obterem seus melhores resultados.
Já no Futsal, joga-se semanalmente, cada jogo vale 3 pontos e não podemos escolher em qual partida teremos melhor resultado.
Como podemos perceber, o Futsal, assim como grande parte das modalidades esportivas, se assemelha muito pouco com as 3 modalidades base utilizadas por Matveev em seu estudo. Portanto, será que o treinamento pode ser igual, para modalidades tão diferentes? Definitivamente acho que não.
O também russo radicado na Itália, Prof. Yuri Verkoshanskij, em seu artigo: "Para uma teoria e metodologia científica do treinamento esportivo. A crise da concepção da periodização do treinamento no esporte de alto nível", também critica as LPT, segundo Verkoshanskij, "as LPT, assim como também os princípios do treinamento baseados sobre ela, perderam há tempo a sua importância, seja teórica, seja prática de existirem. E portanto persistir ainda ancorado as suas idéias já superadas, tem demonstrado ser um fator de freio ao progresso científico no esporte. ... elas não evoluíram, não acompanharam as constantes evoluções esportivas e conseqüente maior exigência para os atletas "
Gostaria de deixar claro que não sou radical a ponto de pedir que esqueçam as LPT, e dizer que estão totalmente erradas. Existem sim, muitos tópicos válidos, além do que, para muitas modalidades podem ser utilizadas com sucesso. Porém o objetivo deste artigo é corrigir falhas que, no meu modo de ver o treinamento moderno, existem e podem fazer diferença no rendimento final de uma equipe, não somente de Futsal, mas sim, de grande parte dos desportos de quadra.
O modelo competitivo do futsal é bem diferente do modelo do Levantamento de Pesos, por exemplo, modalidade usada como base por Matveev.
Assim defino o planejamento para uma temporada no Futsal da seguinte maneira:
No Período Preparatório, Devemos trabalhar as valências físicas necessárias ao Futsal, com um volume muito alto, preparando o atleta para entrar no treinamento específico.
Segundo Matveev, o Período Preparatório se distingue do Competitivo entre outras razões pelo fato dele ser o período de aquisição de forma desportiva, já o Período Competitivo se caracteriza pelo fato de ser o período de manutenção da forma desportiva.
Porém em competições de longa duração 3, 4 meses ou mais, como as de Futsal que disputamos, não podemos apenas manter a forma desportiva, pois como sabemos não é possível manter o nível de condição física por um período tão grande sem perdas significativas de rendimento.
Portanto no Período Competitivo, precisamos continuar adquirindo forma desportiva, tendo em vista que quanto mais uma equipe avança dentro da competição (novas fases, fases eliminatórias etc...) maiores dificuldades ela terá, jogos decisivos, adversários mais qualificados; e, portanto maior será a necessidade de uma condição física superior.
Todavia nesta fase do treinamento, devemos treinar o específico, o mais próximo possível da realidade do jogo, ou seja, treinar o que vai ser usado no jogo, o quanto vai ser usado no jogo, e na intensidade do jogo.
No caso do Futsal vejo que o jogo se define cada vez mais em força e velocidade, muitas vezes, infelizmente, superando a técnica. Em um jogo cada vez mais voltado para a marcação e contra-ataque, cada vez menos os técnicos se arriscam a atacar, temendo os contra ataques. Bem, mas isto é assunto para outro dia.
Nei Adriano
Referências bbliográficas
DANTAS, Estelio H. M. A Pratica da Preparação Física, 4ª ed.- Rio de Janeiro : Shape, 1998
VERKOSHANSKIJ, Yuri. "Para uma teoria e metodologia científica do treinamento esportivo. A crise da concepção da periodização do treinamento no esporte de alto nível" http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 6 - N° 32 - Marzo de 2001
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