quinta-feira, 21 de julho de 2011

A utilização do Rast Test para avaliar potência anaeróbia no futsal

***Retirado do site Cidade do Futebol
Teste voltado para atividades que envolvam corrida se adapta melhor à análise de jogadores de futebol
Daniel Barbosa Marujo, Fábio Aguiar Alves, Manuella Consentino Neves e Sara Regina Faria*
RESUMO
O objetivo deste estudo foi analisar o desempenho anaeróbio alático em atletas adultas de Futsal feminino por meio do RAST TEST (Running Anaerobic Sprint Test). Atualmente o Teste de Wingate é o teste mais utilizado para avaliar a capacidade anaeróbia; entretanto este teste é mais especifico para o ciclismo do que para modalidades que envolvam corrida. Sendo assim, optou-se por utilizar o RAST TEST devido à sua maior especificidade para a corrida e não para o ciclismo. Participaram deste estudo voluntariamente 15 atletas, possuindo as seguintes características: Idade: 22,66 ± 2,27; Peso:64,1 ± 8,67; Altura: 166,06 ± 3,9. Em apenas um teste, obtemos além da capacidade anaeróbia, uma série de parâmetros, entre eles: Índice de Potência Anaeróbia Alática Máxima: 485,43 ± 68,11;Média: 467,9 ± 68,34; Mínima: 448,14 ± 75,82; Índice de Fadiga: 1,1 ± 0,7. Embora alguns autores utilizem-se do RAST TEST para mensuração da capacidade anaeróbia em modalidades esportivas, este estudo tem caráter inédito, já que não foi encontrado na literatura, até o fechamento do estudo, nenhum trabalho que avaliasse potência anaeróbia em atletas de futsal.
1. INTRODUÇÃO
A maioria dos trabalhos científicos encontrados para avaliar esportistas, utiliza-se do teste deWingate para analisar a potência anaeróbia. Porém, utilizamos o RAST – Running Anaerobic Sprint Test – por ser mais específico para corrida do que o teste de Wingate, que é mais específico para o ciclismo (ZAGATTO et al.; 2008).
Para qualquer tipo de movimento, necessitamos de uma fonte de energia que esteja presente e que seja armazenada pelo corpo em toda e qualquer situação, seja em repouso ou em movimento (McARDLE et al.; 1998). Essa energia é oriunda de um composto rico denominado ATP - adenosina trifosfato. Existem três mecanismos principais de reposição desta energia, sendo que dois deles não necessitam de oxigênio em suas reações – são eles o metabolismo anaeróbio alático e lático – e apenas um que utiliza o oxigênio em suas reações – chamado de metabolismo aeróbio (WEINECK, 2003). Estes sistemas contribuem com a oferta de ATP, e suas participações dão-se de acordo com a intensidade e com a duração da atividade física (PIOVEZAN, 1985).
De forma geral, os desportos coletivos são compostos por esforços de alta intensidade em períodos de curta duração, realizando assim movimentos de caráter anaeróbio e podendo ser sustentados ao longo dos 40 e/ou 90 minutos de acordo com a duração da partida (KOKUBUN e DANIEL, 1992).
O Futsal é um desporto coletivo que apesar de ter a duração prolongada – dois tempos de 20 minutos com cinco minutos de intervalo – possui ações curtíssimas, necessitando assim de um sistema de energia imediata para atender as necessidades e características deste esporte. Sendo assim, o futsal utiliza o sistema anaeróbio para transferência de energia, uma vez que o Futsal é um desporto de velocidade, com constantes sprints em contra-ataques e jogadas de velocidade, saltos para cabeceios e movimentações rápidas para livrar-se ou realizar marcações (ALMEIDA e ROGATTO, 2007). Zajac et al. (1999) verificaram que a fonte de energia é predominantemente do sistema anaeróbio, sendo cerca de 28% oriunda do sistema ATP-CP (ATP – fosfocreatina), 56% do sistema glicolítico, enquanto a condição aeróbia está com aproximadamente 16%.
Para a elaboração de um programa adequado de treinamento, independentemente da idade, capacidade funcional, existência ou ausência de fatores de risco ou doenças (GRAEF e KRUEL apudACSM, 2000) alguns fatores devem ser levados em conta, tais como:
- a seleção da modalidade de exercício;
- a intensidade do esforço;
- a duração da atividade;
- a freqüência semanal;
- sistemas energéticos participantes (FOSS e KETEYIAN, 2000).
Segundo Bangsbo (1994; 1998) a capacidade anaeróbia é um componente essencial para algumas modalidades esportivas, já que em certos momentos exige-se um esforço de alta intensidade. Vale lembrar que a capacidade anaeróbia é altamente dependente da idade, sexo, características morfológicas e do nível de condicionamento físico.
A freqüência de treinamento, para ser eficiente, deve garantir intervalos entre as sessões de preparação física de modo que não reduzam as adaptações fisiológicas induzidas pelo treinamento, pois se sabe que seus efeitos são transitórios e reversíveis. Entretanto, diversos autores divergem quanto à importância dada a esse componente do treinamento. Segundo McArdle et al. (1998), não se sabe até que ponto um aumento na freqüência de treinamento pode resultar em ganhos adicionais na capacidade funcional, ou representar um investimento extra de tempo não proveitoso. Para garantir mudanças significativas nas capacidades físicas dos desportos, três sessões de treinamento por semana, respeitando a intensidade, a duração e suas condições específicas, por um período de oito a 10 semanas são suficientes (FOSS e KETEYIAN, 2000).
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Bioenergética na Atividade Física e Potência Anaeróbia Alática

Como já citado, o ATP é caracterizado como a fonte imediata de energia para a atividade física. Considerando que o estoque de ATP é limitado, o organismo necessita da síntese e ressíntese dos sistemas de transferência de energia (aeróbio e anaeróbio) para que não ocorra interrupção da atividade. O que determina o sistema energético que será utilizado para a realização de uma atividade física é a intensidade e a duração dos estímulos (DANTAS, 2003).
O primeiro sistema a ser utilizado é o Sistema Anaeróbio Alático, também conhecido como ATP-CP ou Sistema do Fosfagênio, sistema este, que fornece energia imediata para a atividade. Segundo Piovezan (1985) esse sistema ao mesmo tempo em que possui grande potência, possui pequena capacidade de produzir ATP. Por não possuir muitas reações e pela rápida disponibilidade de substratos, esse sistema aparece em atividades de grande intensidade e curtíssima duração, onde a musculatura necessite de um aporte muito rápido de energia (CARNAVAL, 1998 apud DE ALMEIDA e ROGATTO; DANTAS, 2003 apud DE ALMEIDA e ROGATTO).
Após depletadas as reservas do Sistema ATP-CP, passamos a utilizar o Sistema Anaeróbio Lático, também conhecido como Sistema Glicolítico, que fornece energia em curto prazo, sendo assim, utilizado em exercícios que exijam alta intensidade e curta duração (ROBERGS e ROBERTS, 2002).
Por fim o fornecimento de energia é dado pelo Sistema Aeróbio, ou Oxidativo, que por utilizar o oxigênio como substrato para a produção de ATP, fornece energia em longo prazo, estando envolvido em atividades com durações maiores e intensidades de baixa a moderada (ROBERGS e ROBERTS, 2002).
Segundo Pini (1983), o desempenho físico é fracionado em variáveis de performance, que serão fatores determinantes nas diversas modalidades que um atleta pode atuar. Ao analisarmos a modalidade esportiva desejada, podemos caracterizar essas variáveis mais importantes para orientarmos nossos atletas e aplicarmos testes específicos com fundamentação fisiológica e biomecânica. A capacidade anaeróbia pode ser avaliada através de testes onde a velocidade de utilização dos compostos fosforados e do glicogênio é limitada pelas reservas disponíveis determinando assim a potência anaeróbia utilizada. Segundo McArdle et al. (1998) podemos estimar a produção de energia por esta via, pelo tamanho do reservatório intramuscular de ATP-CP, pela velocidade de depleção dessas reservas como resposta ao exercício de intensidade máxima e de curtíssima duração, pelo déficit de O2 e pela porção alática de captação de oxigênio na recuperação.
A estimativa de produção de energia pode também ser determinada por testes de desempenho com o objetivo de ativar ao máximo esse sistema, tendo de cinco a 10 segundos de duração (McARDLE et al; 1998).
2.2 RAST – Running Anaerobic Sprint Test
O RAST foi desenvolvido na Universidade de Wolverhampton no Reino Unido, para testar a capacidade anaeróbia dos atletas. O Teste de RAST é similar ao Teste de WANT – Wingate Anaerobic Test – tendo como objetivo avaliar os diferentes níveis de potência (pico, média e máxima) e avalia também o índice de fadiga (ZACHAROGIANNIS et al; 2004). Sendo assim, através do Teste de RAST, com apenas uma avaliação podemos obter além da capacidade anaeróbia, uma série de parâmetros (ROSEGUINI et al; 2008).
O RAST pode ser aplicado regularmente, de três a seis semanas, objetivando avaliar atletas em qualquer um dos períodos que regem a forma físico-desportiva, visando determinar um programa de treinamento adequado (BANGSBO, 1994) e destinando avaliar o rendimento da potência em relação ao sistema de energia imediata (McARDLE et al; 1998). Seu resultado pode ser obtido em relação à massa corporal (W.kg), permitindo a comparação entre sujeitos de diferentes massas corporais (BANGSBO, 1998). Os resultados encontrados nos testes podem sofrer certa variação, visto que o desempenho humano é altamente específico para cada tarefa (McARDLE, 1998).
2.3 O Futsal e Suas Características
Apesar de ter sido criado na década de 30, o futsal traz consigo muita polêmica até os dias de hoje, já que Brasil e Uruguai lutam pela sua criação. Comum entre as histórias é o fato de que o esporte era inicialmente praticado em quadras de basquetebol durante as aulas de Educação Física (SAAD, 1997).
Atualmente o futsal tornou-se uma das modalidades esportivas mais populares do país, sendo também uma das mais praticadas nas escolas (ALMEIDA e ROGATTO, 2007). Mesmo tendo sido criado na década de 30, a regulamentação do futsal feminino veio tardiamente, sendo autorizado pela Federação Internacional de Futebol de Salão – FIFUSA, apenas em 23 de abril de 1983 (TEIXEIRA JUNIOR, 2002).
O que se pode observar é uma evolução significativa do esporte já que possuímos diversos torneios, sejam de âmbito regional, estadual e até nacional, tendo como o mais importante o Campeonato Brasileiro de Seleções (SANTANA e REIS, 2003).
O Futsal é caracterizado como um jogo atlético de elevada atividade motora (GOMES E SILVA, 2002apud DE ALMEIDA e ROGATTO) e de alta complexidade (CORRÊA et al; 2004). Na iniciação, o treinamento de qualquer modalidade desportiva deve priorizar antes de qualquer característica, a coordenação (MARQUES e OLIVEIRA, 2001). Esse treinamento deve ser praticado na sessão técnica e/ou tática, geralmente prescrito com bola e tendo aspecto bem lúdico (MARQUES JUNIOR, 2007). Trabalhar com bola além de ser prazeroso, é de grande importância para aperfeiçoar a coordenação e a cognição, além de indiretamente atuar na preparação física, por esse motivo deve ser dada ênfase (GRÉHAIGNE et al; 2001).
Porém nos modelos atuais de periodização, vemos poucos trabalhos técnico-táticos com bola, principalmente no que diz respeito ao treinamento de Futsal feminino (GARGANTA, 1991 apudMARQUES JUNIOR). Assim, isso quebraria os modelos e moldes existentes (HAKKINEN, 1993). Existem alguns fatores que podem influenciar no desempenho esportivo, entre eles, a agilidade, a força e a velocidade, alem da flexibilidade e da coordenação (CARNAVAL, 1998 apud DE ALMEIDA e ROGATTO).
No caso do futsal, valências como força, velocidade de deslocamento, agilidade, entre outras, são muito requisitadas e igualmente ao futebol americano, os atletas necessitam realizar “movimentos específicos e poderosos”, caracterizados pela força explosiva (McARDLE et al; 2003). Além de ser muito importante, é considerado como um fator chave para o sucesso, que os programas de treinamento sejam baseados em aspectos fisiológicos específicos, visando um bom condicionamento das equipes (GILLAM, 1985 apud BALCIUNAS et al; TAYLOR, 2004 apud BALCIUNAS et al).
Como em toda modalidade esportiva, a preparação física tornou-se imprescindível para que os atletas tivessem bom desempenho e alcançassem seus resultados. Segundo Bompa (2004), para que o treinamento seja bem organizado, ele deve ser planejado e específico para que os sistemas de energia se adaptem as exigências do esporte praticado. De acordo com Dantas (2003), estudos comprovam que existe um favorecimento no desempenho quando a equipe possui bom condicionamento; sendo assim, a preparação física é tão importante no futebol que, no período preparatório, deve corresponder a 60% do treinamento total. Talvez essa super dosagem na preparação física, deve-se ao fato da maioria dos modelos de periodização serem estruturados em esportes individuais, porém é fato que o treino físico significativamente influencia no resultado final do trabalho (TOUBEKIS et al; 2005). Na fase específica, ressalta-se a velocidade dos movimentos e a força explosiva, enquanto no período de transição devemos trabalhar a manutenção da resistência muscular localizada, a resistência aeróbia e a flexibilidade (DE ALMEIDA e ROGATTO, 2007).
A duração de uma sessão diária de treinamento varia de acordo com o desporto a ser trabalhado e acaba sofrendo influência de outros fatores como, disponibilidade de local e horário e a própria disponibilidade dos atletas – que muitas vezes não vivem do treinamento. O mais comum, porém não deixando de ser ideal, são os treinamentos de três a quatro vezes por semana, com apenas uma sessão diária e tendo um período de treinamento objetivando adaptações fisiológicas de oito a 10 semanas (FOSS e KETEYIAN, 2000). Porém existe um grande ponto a ser levado em consideração, principalmente na iniciação, que é o excesso de treinamento. O trabalho de alta velocidade da corrida, por exemplo, ocasiona decréscimo da altura do salto (ARRUDA et al; 1999). Outro exemplo observado é o número excessivo de jogos, que pode proporcionar deterioração da força rápida (KRAEMER et al; 2004).
2.4 Preparação Física e Frequência de Treinamento
A preparação física é formada pela união dos métodos e processos de treinamento obedecendo aos princípios de periodização, buscando levar o atleta ao ápice de sua forma física específica. Deve ser levada em conta nos treinamentos, a utilização dos sistemas energéticos que participam das atividades, para que o treinamento potencialize esses sistemas (DANTAS, 2003).
É de suma importância saber qual a fonte energética predominante da atividade escolhida, para partindo disso, estabelecer um programa adequado de treinamento que priorize o desenvolvimento essa fonte em particular (FOSS e KETEYIAN, 2002). Para isso, torna-se necessário aplicar de forma correta princípios fisiológicos de treinamento, como o da sobrecarga, da especificidade, da reversibilidade e da individualidade biológica (DANTAS, 2003). Para alcançar níveis ideais de aptidão física e de condicionamento, um programa de treinamento deve considerar fatores como a intensidade, a duração e a freqüência do treinamento, produzindo assim alterações metabólicas e funcionais desejadas. A escolha adequada desses componentes também será de grande importância na qualidade e na obtenção de um efeito específico qualquer (WEINECK, 2003).
Existem diversos estudos que analisaram as características acima citadas. A mais pesquisada é a freqüência de treinamento, objetivando estabelecer um número ideal de vezes em que o atleta deve se exercitar durante a semana. Em seu estudo, Piovezan (1985) faz um apanhado de diversos autores (KILBOM, 1971; FRINGER, 1974; ATOMI, 1978) e ao analisar mulheres, demonstra que o treinamento realizado duas ou três vezes por semana já se torna suficiente para induzir alterações significativas. Porém, De Hegedus (1976) e Tubino (1979) recomendam que mulheres jovens mesmo sedentárias devam treinar de quatro a cinco vezes por semana para obterem melhorias na aptidão física geral. Guedes e Guedes (1998) apontam que o ideal é exercitar-se de cinco a seis vezes por semana, já que o exercício físico realizado duas vezes por semana não acarretará modificações significativas no metabolismo. Segundo, Foss e Keteyian (2000) a preparação física com finalidade anaeróbia deve ser de três a quatro dias na semana, tendo apenas uma sessão diária de treinamento.
De acordo com o American College Sports Medicine (2003) a freqüência de treinamento está relacionada com a intensidade e a duração dos exercícios. Sendo assim, a capacidade funcional e as condições dos atletas devem ser levadas em conta antes de estabelecermos a freqüência do treinamento – que pode variar de duas a cinco sessões semanais. Comum entre os diversos autores, é o fato que para ocorrerem alterações fisiológicas significativas, o treinamento com objetivo de aprimorar a capacidade anaeróbia deve desenvolver-se por um período de oito a 10 semanas (FOSS e KETEYIAN, 2000). Nesse treinamento com duração de oito a 10  semanas, há um aumento de 30% de ATPase, 20% de mioquinase e 36% de creatinaquinase (STAUDTE, 1973 apud PIOVEZAN; THORSTENSON 1975 apud PIOVEZAN). Para obter um efeito desejado, o treinamento anaeróbio deverá ser acompanhado de alterações morfológicas, fisiológicas ou psicológicas crônicas (FOSS e KETEYIAN, 2000). Essas alterações metabólicas decorrentes do treinamento anaeróbio induzem a musculatura esquelética a apresentar maior capacidade no desenvolvimento do sistema ATP-CP (McARDLE et al;1998), solicitando assim que o metabolismo aumente sua produção de energia, através de aumento nos níveis de substratos, indicando aumento na força muscular (ROBERGS e ROBERTS, 2002).
Simultaneamente a essas alterações, também temos aumento na quantidade e na atividade das enzimas chave que controlam o fracionamento da glicólise anaeróbia, podendo encontrar alterações em diversas enzimas chave, principalmente do sistema ATP-CP (DANTAS, 2003), e podendo também ocasionar aumentos significativos no tamanho das fibras musculares de contração rápida (McARDLE et al; 1998). Em seu estudo, (KARLSSON, 1972 apud PIOVEZAN) demonstrou que um treinamento de sete semanas com corredores de longa distância levou ao aumento de 25% nas reservas musculares de ATP. Isso mostra que o conjunto de alterações da preparação física anaeróbia irá melhorar o metabolismo das vias energéticas e o recrutamento das unidades motoras (McARDLE et al; 1998). As concentrações musculares de ATP (4mM/kg) e de fosfocreatina – CP (16mM/kg), são as mesmas entre homens e mulheres, porém devido a uma menor massa muscular, as mulheres possuem menos fosfagênio para ser usado durante o exercício (HULTMAN, 1967 apud PIOVEZAN).
Mediante os dados apresentados, o objetivo geral deste trabalho foi avaliar o índice de potência anaeróbia alática de atletas adultas de uma equipe feminina de Futsal.

3. METODOLOGIA E CASUÍSTICA
3.1 Amostra e Cuidados Éticos
Participaram voluntariamente do estudo 15 indivíduos do sexo feminino, categoria adulta, atletas de Futsal. Todas as participantes foram convenientemente informadas sobre a proposta do estudo e os sobre os procedimentos a que seriam submetidas e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os testes foram aplicados no Ginásio do Colégio Verbo Divino, no bairro Centro, cidade de Barra Mansa/RJ.
Ao apresentarem-se como voluntárias, as atletas foram informadas quanto aos objetivos e aos procedimentos metodológicos do estudo. Por possuírem idade superior a 18 anos, as voluntárias assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, podendo desistir de participar do estudo a qualquer momento, por livre escolha, sem qualquer constrangimento. O estudo realizou-se com a autorização por escrito do treinador responsável pela equipe envolvida. Todos os cuidados foram tomados com o intuito de garantir a integridade física e mental de todas as participantes, bem como para garantir o seu anonimato.
Antes da aplicação do teste, foi registrado o peso corporal de cada participante com as vestimentas com que iriam realizar o exercício, porém sem o calçado. No Teste de RAST, cada participante realizou seis tiros em velocidade máxima, por uma distância de 35 metros, com intervalos de 10 segundos entre cada corrida. Os tempos das corridas foram mensurados com a utilização de cronômetros manuais, sendo determinados a Potência Pico, Potência Média, Potência Mínima e Índice de Fadiga.
Previamente à realização do estudo, as voluntárias foram submetidas à avaliação antropométrica. Para medidas do peso e altura corporal, foi utilizada uma balança, da marca Filizola (Brasil) graduada em gramas e centímetros.
Para a avaliação da capacidade anaeróbia alática, as participantes do estudo foram submetidas ao RAST, onde as mesmas realizavam seis tiros de 35 metros, tendo entre os tiros, 10 segundos de intervalos.
A potência desenvolvida na realização do teste de RAST foi determinada a partir da equação:
 

Para a determinação dos índices de potência (máxima, média e mínima), utilizamos a equação:






Na determinação do tempo gasto, foi utilizado um cronômetro digital da marca Casio – modelo HS/30W, Brasil.
4. RESULTADOS

Tendo como objetivo uma maior compreensão do estudo, e como forma de caracterizar a amostra utilizada, as variáveis peso corporal, estatura e idade são apresentados na Tabela 1.

 

A Tabela 2 apresenta valores obtidos em relação à determinação da Potência Anaeróbia Alática Máxima, Média e Mínima e o Índice de Fadiga, através do Teste de RAST.

5. DISCUSSÃO
Em se tratando de treinamento, é de suma importância identificar a fonte energética predominante da atividade, para podermos estabelecer um programa adequado que priorize o desenvolvimento dessa fonte, visto que a capacidade anaeróbia, mesmo sendo dependente de fatores como idade, sexo, características morfológicas e do nível de condicionamento físico, é um componente essencial para algumas modalidades esportivas, entre elas o Futsal. O Futsal é um desporto de duração prolongada, porém ações curtíssimas – constantes sprints, saltos e movimentações rápidas. Isso significa que trabalhar a capacidade anaeróbia torna-se essencial para a maioria dos desportos, ainda mais para o Futsal que se utiliza predominantemente do Sistema Anaeróbio de transferência de energia, já que 28% é oriunda do sistema ATP-CP, 56% do sistema glicolítico e apenas 16% oriunda do Sistema Aeróbio (ZAJAC et al., 1999).
Como citado anteriormente, não foram encontrados na literatura trabalhos científicos que utilizam o RAST para avaliar a potência anaeróbia no Futsal. Porém, em outros desportos, diversos autores utilizam-se desse protocolo para avaliar a potência anaeróbia. Em seus estudos, Moraes (2003) e Roseguini et al. (2008) avaliaram atletas de basquetebol (555,7 ± 87,5 kgm.s-1) e handebol (649,98 ± 82,70 kgm.s-1) respectivamente, e ambos os estudos, encontraram valores superiores de potência, quando comparados aos resultados encontrados em nosso experimento.
A diferença entre os estudos dá-se por alguns aspectos que devem ser levados em consideração. Moraes (2003) e Roseguini et al. (2008) avaliaram homens, com idade de 15,4 ± 0,34 e 19,33 ± 1,15 respectivamente. Outro ponto que traz diferença entre os estudos, já que não foram encontrados trabalhos que avaliassem mulheres, é o fato dos avaliados já terem vivenciado o protocolo do RAST. Zagatto et al. (2007) optaram por avaliar militares corredores, com e sem o uso da máscara contra gases, encontrando valores de 485,4 ± 90,5 kgm.s-1 e 534,9 ± 120,9 kgm.s-1, respectivamente.
Como na comparação anterior, o que pesa na análise dos resultados é o fato dos avaliados já terem vivenciado o RAST. Porém, os autores demonstram que a máscara, mesmo que corriqueira na vida de profissionais como os avaliados, acarretas certos prejuízos quando analisados sob a ótica da potência anaeróbia.
6. CONCLUSÃO
Na maioria dos trabalhos científicos encontrados, o teste de Wingate é o mais utilizado para avaliar a potência anaeróbia. Porém, analisando o protocolo do teste, nota-se que o mesmo é mais específico para avaliar o ciclismo e não atividades que envolvam corrida. O fato dos atletas realizarem a parte incremental do protocolo em corridas de vai e vem de 35 metros torna a avaliação mais próxima das situações reais do jogo de futsal (transição ataque - defesa).
Como o grupo avaliado é formado por atletas de Futsal, fugiríamos da especificidade do treinamento e das características da modalidade se avaliássemos o grupo com um protocolo de teste que não abordasse essas características. Sendo assim, optamos por utilizar o Teste de RAST que é mais específico para atividades que envolvam corrida. Porém, mais estudos precisam ser realizados com esse protocolo de determinação do limiar anaeróbio para que possamos com maior clareza elucidar os mecanismos que expliquem as correlações significativas entre o limiar anaeróbio e os parâmetros obtidos pelo RAST.
Todos os autores declararam não haver qualquer potencial conflito de interesses referente a este artigo.
7. AGRADECIMENTO
Há horas na vida que somos tomados por uma enorme sensação de inutilidade, de vazio. Questionamos o porquê de nossa existência e nada parece fazer sentido. Concentramos nossa atenção no lado mais cruel da vida, aquele e a todos afeta indistintamente: As perdas do ser humano. Dedicamos esse trabalho in memorian ao , nosso orientador, Prof. Marcelo da Silva Genestra, exemplo de profissional e de ser humano, que infelizmente veio a falecer no decorrer da pesquisa.
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*Daniel Barbosa Marujo é Mestre em Ensino em Ciências da Saúde – Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA/RJ - Volta Redonda/RJ.
Fábio Aguiar Alves é Pós-Doutorando em Bioquímica – FIOCRUZ/FAPERJ / RJ. Mestre em Ensino em Ciências da Saúde – Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA/RJ - Volta Redonda/RJ.
Manuella Consentino Neves e Sara Regina Faria são Pós-Graduandas em Fisiologia do Exercício e Avaliação Morfo-Funcional - Universidade Gama Filho - UGF/RJ – Rio de Janeiro/RJ.

3 comentários:

  1. Boa Tarde...
    Por que não aparece no arquivo postado as equações e resultados obtidos através do estudo??
    Se puder me mandar o estudo completo agradeço (lucas.krin@hotmail.com)
    até mais, aguardo respostas!

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  2. Oi não consigo ver as equações?

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